A prevenção ao suicídio e as estratégias de reconhecimento do quadro clínico foram tema da Live “Ferramentas Orientadoras para lidar com o risco de suicídio”, que trouxe dicas de como reconhecer o problema em parentes, colegas e amigos e saber como ajudá-los. A transmissão ocorreu na última quinta-feira (28) e foi aberta para a contribuição e perguntas dos espectadores.
A Live foi realizada em formato de debate pelo psicólogo da Secretaria de Saúde Herbert Thomas Luckmann e a médica psiquiatra Marcela do Souto Fink. Foram respondidas oito perguntas pré-definidas que esclareceram alguns mitos e preconceitos com relação ao suicídio.
Entre os tópicos abordados, a relação entre a pandemia do vírus da Covid e um suposto aumento de suicídios foi rechaçado pela médica psiquiatra. “A pandemia não aumentou os suicídios, o que aumentou consideravelmente foi a depressão, a ansiedade e o sofrimento mental do indivíduo, isso sim aumentou bastante”, esclareceu.
Ambos os especialistas reforçaram a necessidade de se tratar o quadro psicológico de pensamentos suicidas por uma equipe especializada, capaz de ajudar o paciente a enfrentar a alteração comportamental pela qual está passando.
“Se você não sabe lidar com uma pessoa que já tentou suicídio, ou aparenta estar em um quadro depressivo grave, o importante é perguntar. Perguntar não aumenta a chance de suicídio, isso é um verdadeiro mito. O pensamento suicida é um sintoma e fica na cabeça de forma recorrente. Quem está ruim, passando por sentimentos negativos, geralmente expressa seus sentimentos quando perguntado. Neste momento, você pode encaminhar para as equipes de atendimento especializado”, explicou a psiquiatra.
Uma das perguntas feitas pelo psicólogo Herbert Thomas Luckmann foi sobre como as equipes médicas devem tratar o tema. A psiquiatra respondeu que é preciso capacitar os profissionais para receber este tipo de paciente e as formas de atendimento, que precisam ser diferenciadas.
“A pessoa que enfrenta esse sentimento tem a percepção visual alterada, como uma espécie de túnel, uma desesperança que o faz não enxergar quase nada. Existe um estudo que mostra como os pacientes com este tipo de quadro são encaminhados às Unidades Básicas de Saúde (UBS) e a grande maioria das pessoas leva o paciente no carro da família. Se é uma urgência precisa chamar uma ambulância, pois esse risco não cabe à família”, reforçou.
Estratégias de Prevenção
A psiquiatra indicou o caso de Ilhabela nas estratégias de prevenção ao suicídio, que usa a UBS como porta de entrada ao tratamento. De acordo com Marcela, os procedimentos de atendimento do município estão em um nível acima da média e atualmente superam as estratégias adotadas pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
“A estratégia de prevenção que temos prevê que cada UBS seja capaz de identificar a doença psíquica e as depressões não tratadas. Já é comprovado que o tratamento da doença mental diminui o risco de suicídios. Por isso as UBS’s já fazem o primeiro tratamento ou encaminham para o profissional especializado. Aqui na ilha temos ambulatório de psiquiatria, de psicologia e o acolhimento de dependentes de álcool e drogas, que é um grande fator de risco. Está comprovado que tratar a dependência química diminui o risco de suicídios”, reforçou.
No final da Live os espectadores puderam tirar suas dúvidas com os profissionais, que responderam a todas as interações.
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