Nem todo mundo sabe, mas a dengue possui quatro categorias diferentes de sorotipos. Os mais comuns em Ilhabela, registrados pela Secretaria de Saúde, são os tipos 1 e 2. Cada pessoa que já foi infectada por um dos tipos fica imune àquele que contraiu anteriormente. Isso significa que uma pessoa pode manifestar a doença apenas quatro vezes.
O tipo 4 é registrado com menos frequência no Brasil e o perigo maior atualmente é a variante do tipo 3, que foi recentemente identificada no município de São Paulo, mas tem potencial para se alastrar rapidamente por todo o estado. Mas, por que esse sorotipo é mais perigoso agora do que os demais?
Conforme explica o Diretor do Departamento de Vigilância em Saúde de Ilhabela, Maurílio Bianchi, a falta de registros do tipo 3 no arquipélago significa que não há entre a população pessoas resistentes a este sorotipo e que sejam capazes de estancar a propagação da doença. “Sem a imunidade de pelo menos uma parcela da população o vírus se dissemina muito rapidamente. Por isso, o controle físico do mosquito Aedes aegypti, com a eliminação dos focos de larvas, é tão importante. A Prefeitura faz a sua parte, mas os moradores precisam contribuir para acabar com todos os pontos de acúmulo de água”, explica.
O calor intenso registado nos últimos dias e chuvas constantes também criam um cenário favorável para a proliferação do mosquito, formando o ambiente ideal para colocação de ovos.
Trabalho constante
Para eliminar os focos do mosquito causador da dengue, a Prefeitura de Ilhabela utiliza diversas estratégias e instrumentos.
Uma das formas mais eficazes é a rápida identificação da doença e o controle imediato dos focos nos locais em que as pessoas infectadas moram. Para tanto, em todas as Unidades Básicas de Saúde o município dispõe de testes rápidos para o diagnóstico da dengue. Se der positivo, a pessoa é encaminhada para tratamento.
Ao mesmo tempo, a equipe de controle de vetores também é informada e vai até o local da residência, traçando um raio de ação de 150 metros a partir da casa alvo. Todos os imóveis compreendidos nesse raio são visitados para o trabalho de eliminação dos focos do mosquito, casa por casa.
Outra atividade é a intensificação do controle de criadouros, feito com base no levantamento da infestação de larvas em imóveis. Esse trabalho é realizado a cada três meses, com visitas a quase mil residências a procura de novos focos. Sempre que um deles é identificado, amostras são levadas para análise laboratorial. Caso dê positivo para o Aedes aegypti, é sinal de que a espécie se propaga com intensidade no local e toda região precisa ser inspecionada com mais intensidade.
“Quando a equipe encontra um criadouro no qual não é possível retirar a água, nós usamos um larvicida próprio. Quando o local é maior, nós temos um projeto de criação de peixes, da espécie barrigudinho, que se alimentam das larvas”, explica Maurílio. Com a autorização do morador, a equipe solta os peixes e eles naturalmente controlam a população das larvas.
Alguns imóveis estratégicos, nos quais já se sabe da existência de materiais capazes de acumular água parada, o trabalho é intensificado. São descartes de sucata, oficinas mecânicas e outros locais já mapeados. Nestes pontos as visitas com aplicação de larvicida são quinzenais, já que apresentam mais riscos para a proliferação dos mosquitos.
Somente em 2023, foram mais de 70 mil visitas a imóveis, com a destruição de focos e identificação do mosquito transmissor, além do apoio dos agentes comunitários de saúde, que também fazem um trabalho complementar no combate à dengue.
Parcerias
Controlar os casos de dengue é uma missão de toda a Prefeitura. Por isso, as secretarias de Educação, Serviços Urbanos e Meio Ambiente são parceiros na orientação dos munícipes e trabalhos educativos.
Um exemplo de sucesso é a parceria com a Secretaria de Educação na formação dos Brigadistas Mirins. São alunos da Rede Municipal de Educação que são orientados aos cuidados necessários contra a dengue.
Ao final desse processo, eles apresentam um projeto de combate ao mosquito transmissor. Em 2023 foram formados 400 Brigadistas Mirins, que se transformam em agentes multiplicadores capazes de propagar os conhecimentos adquiridos durante a formação para a família e amigos.
“A Prefeitura faz a sua parte com a eliminação dos focos de larvas, mas os moradores precisam contribuir para acabar com todos os pontos de acúmulo de água”, finaliza Maurílio.