A Câmara de Ilhabela entregou, em sessão ordinária da última terça-feira (30/11), Moção de Louvor a senhora Angélica de Souza, concedida pelo vereador Edilson dos Santos (Edilson da Ilha) pelos relevantes serviços prestados ao município, em especial as Comunidades Tradicionais.
Nascida na Comunidade da Praia Mansa, na Baía dos Castelhanos, Angélica vem de uma família de 12 irmãos, que muito cedo perderam seus pais. Em 2005 sentiram a necessidade de formar uma associação que lutasse pela permanência do povo caiçara e Angélica foi a primeira mulher presidente, que iria lutar contra a especulação imobiliária da Baía dos Castelhanos. E a luta não parou, em novembro de 2015, tiveram a titulação do taus, termo de uso sustentável da Secretaria do Patrimônio da União (SPU).
Já em 2016, a Associação protocolou no Ministério Público Federal, o pedido da energia solar foto voltaica para todos caiçaras tradicionais da Baía dos Castelhanos, e foram contemplados. No ano de 2017 participaram do Projeto Tribuzana, fortalecendo a luta para criação do primeiro conselho caiçara das comunidades tradicionais de Ilhabela, o primeiro no Brasil.
Hoje, Angélica é a presidente do Conselho onde atua em defesa dos territórios tradicionais. Conquistaram o decreto da Resex Municipal, e através da Associação Amor por Castelhanos, tem cadeira nos Conselhos Municipais e Estaduais, e recentemente conseguiram uma vaga no Conselho do Gerenciamento Costeiro.
A homenageada tem como objetivo, lutar pelo território tradicional caiçara, uma vez que um povo sem história é um povo esquecido. É o que aprendeu na sua trajetória de vida, que tudo não é fácil, mas também não é difícil, pois a sua insistência é resistência e a faz ser uma mulher caiçara de bravura a não temer os obstáculos.
Com suas palavras, Angélica ressaltou que para chegar onde chegou, a escola da vida ensinou que para conquistar o último degrau você tem que começar de baixo. “Talvez alguém se pergunte o que tenho de valoroso. A maior riqueza é ter nosso povo caiçara feliz em suas terras que um dia foram roubadas pela especulação imobiliária na década de 70. E digo, viva a força da mulher caiçara que luta com a bravura de uma guardiã, por que uma guerreira só se curva pra falar com Deus. Seguimos firme e forte na insistência e resistência. Nem um passo a atrás, nem um direito à menos! Meu sangue cheira peixe”, enfatizou Angélica.